Cose di croniche

As crónicas que saem do Cose Tante. Ou não.

Clube das mães II

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Hoje um só tema me faz escrever. Crianças que dormem com os pais. Ou pais que têm as crianças nas suas camas. E não é a meio da noite ou de manhã. É deitarem-se todos na mesma cama até ao acordar, é disso que falo.
Não são só as mães do clube que o fazem, bem sei. Nem pretendo censurar ninguém. Posso dizer (hoje, aqui, sem filhos) que “ah se estiver doente”, “se a meio da noite não apetecer mesmo” embora ache que é coisa a evitar.
É tema que dá para muita conversa mas quero centrar-me apenas no âmbito do Clube das Mães.
No clube das mães, alguns filhos dormem nas camas dos pais. Não podia ser de outra maneira. E não há vergonhas ou embaraços ao assumi-lo. Outra pessoa com filhos terá aquela atitude de “pois, eu sei que não devia” e ri, ou desconversa, brinca com a situação. E quem rodeia – se for civilizadinho – não se mete mais.
Não no Clube. No Clube há teorias e dissertações. Adoram como sempre, as horas de almoço ou lanche para mostrar como são sábias em educação. Há as que o fazem e se gabam, nem admitem que as critiquem, e as pedagogas de trazer por casa “Ah mas olha isso não é bom para ele nem para vocês” e riem-se da “malandrice” oculta (mesmo que tão óbvia).
Eu não falo do casal, não falo do quarto, que isso pouco me importa com os casamentos que por aí há e adultos são adultos. Saberá esta gente que as crianças morrem esmagadas se um adulto se virar? Escusado será dizer-lhes que era a maior causa de mortalidade infantil há duzentos anos. Olham-me com um ar de “tu não sabes, não és mãe”.
Enfim, também não era do que penso que vinha falar. Foi esta semana que percebi que no Clube há realmente diferenças – e fiquei feliz por as mães que conheço não fazerem definitivamente parte dele. No Clube, dormir com um miudo desde que nasce até 3, 4 ou sabe-se lá que idade, é normal e uma virtude. É motivo de orgulho e demonstração do bounding que elas acreditam que só o sono partilhado dá (dêem-me um momento para suspirar um “imbecis”… sinto-me melhor agora, obrigada).
Dizia eu que percebi tudo isto, esta semana. Foi há dois dias que ouvi o que nunca pensei ouvir. A maior representante que conheço deste movimento associativo de acéfalas destravadas, falava das birras do rebento. Elas não sabem lidar com momentos menos felizes dos miudos, pelo que ela se queixava do comportamento dele na véspera. O pobre podia estar com sono, uma birra normal para uma quinta à noite, parece-me -“tu não sabes, não és mãe” mas ela queria mostrar como o soube controlar, percebi depois.
Que estava de todo, não parava, chorava sem parar. E de que se lembrou a mãe das mães? Acalentar a criança? Acalmá-la e dizer-lhe depois que não fizesse birras? Uma palmada até para o calar? Não. A mãe que sabe cortar bolos desde que o é, disse à sua cria: “Se choras não dormes com a mãe. E se chorares amanhã, não dormes com a mãe. E depois o mesmo. É isso que queres? Foi remédio santo, ah tem de ser, ele tem de perceber”.
Eu juro que quando oiço estas coisas gostava uma de duas coisas: ou saber ioga e atingir o Nirvana em dois segundos, ou ter uma arma e não ter a vida estragada se a usasse.
Não é tão giro? Trocar assim o mundo à criança, assustá-la com o próprio quarto para quando tiver de lá dormir berrar a noite inteira com razão? Não é tão bom, garantir que ele vai querer sempre dormir com ela? Assim, pode dizer que ele é muito apegado a ela, com provas, pode exibir o amor do filho.
No Clube quem não prova não entra. Amor de filho é ter medo do quarto e querer dormir com a mãe. Amor de mãe é aquele que é ouvido em open space embrulhado em disparates e imbecilidades.

Written by Marta

Janeiro 17, 2009 às 5:24 pm

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9 Respostas

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  1. Ainda estou de boca aberta… a sério só ao tiro mesmo.Que imbecil!

    Andreia

    Janeiro 18, 2009 at 10:58 pm

  2. UI! Esse clube das mães, é universal! Também conheço algumas que fazem parte dele. E também ouço o “não sabes, não és mãe”. Agora é tudo muito lindo mas quando tiverem 10 anos e continuarem a querer dormir com a mãe, vais ver se ainda andam aí a apregoar aos 7 ventos…:)Bjs!

    Paula

    Janeiro 19, 2009 at 9:38 am

  3. Verdade verdadinha, só serve mesmo como material para textos surreais.:) poisBjs às duas

    Marta

    Janeiro 21, 2009 at 9:15 pm

  4. por enquanto pode permitir-se atirar pedras ao telhado das vizinhas, mas realmente quando se é mãe as coisas mudam…eu também tinha o meu modo de ver as coisas antes de ter as minhas filhas, mas depois muda tudo. Eu pensava que uma birra acabava com um palmada, com um chiu, mas não. Também pensei que não iam fazer birras, que iam ser bem comportadas como eu, mas não. Em relação aos filhos dormirem com os pais, acho que cada um na sua cama, mas a minha filha agora com 7 anos sai da cama dela a meio da noite e quando acordo de manhã está a dormir ao meu lado, e isto desde que a irmã nasceu….nem tudo é tão simples, nem sempre é fácil por os pontos nos “is” e dizer não concordo com isto e aquilo, porque devia ser assim e assim. Acredite que por vezes a vida troca-nos as voltas e o apesar de termos dito que íamos fazer assim e assado quando fôssemos mães, acabamos por agir de forma diferente, porque a maternidade muda a nossa forma de estar e de ser.marg

    marg

    Fevereiro 3, 2009 at 11:15 am

  5. Claramente não me conhece. Não atiro pedras, oiço pessoas dizerem coisas que não acredito. Não me passa pela cabeça ter um filho que não faça birras. E tb tenho uma opinião muito minha acerca da chegada dos irmãos como a minha amiga Andreia lhe poderá confirmar. O que eu faço neste blog é uma caricatura de pessoas que vêem crianças como brinquedos e não como pessoas com personalidade própria. Mas cada um tira a conclusão que quer. Tenho pena de não ter conseguido passar o pretendido. Paciência.Se reparar, nunca digo “comigo seria assim” ou “Eu não farei isto ou aquilo”. ainda tenho algum bom senso, mesmo que não lhe pareça.

    Marta

    Fevereiro 3, 2009 at 2:30 pm

  6. Querida Marta,há uns tempos para cá a minha filha tem dormido na minha cama eagora que tem estado tanto frio tem dormido mesmo muitas vezes. Não acho que isso seja um problema, de todo! Se não for agora que lhe vou dar miminhos e agarra-la e enche-la de beijinhos não vai ser daqui a uns tempos quando ela já não quiser. E não quero de maneira nenhuma arrepender-me de não ter feito certas coisas.Acredita que não é por os nossos filhos dormirem connosco que aos 7 ou aos 10 anos que o vão continar fazer, falo por experiência própria ;)Eles sabem quando podem e não podem, basta querermos e aos 7 ou aos 10 e o mais certo é ser muito antes só temos que lhes mostrar que já não é altura para dormirem na cama dos pais.Meter medo a uma criança como esse que descreveste no teu post é um disparate em qualquer lado, mas infelizmente é o que mais se vê.Falei como mãe e como educadora e falei ainda como mãe que sou agora e o que penso e como era quando não era mãe e pensava como eu iria ser quando tivesse um filho 😉

    Cortes

    Fevereiro 4, 2009 at 10:34 pm

  7. Olá CortesPercebo tudo isso e sei bem que estou sujeita a que me aconteça o mesmo. Mas é isso mesmo que pretendo salientar. O que eu não posso achar normal é esta que conheço fazer do dormir com ela um prémio, isso é que não está bem. O meu alvo era mesmo o ridiculo do “é isso que queres? É dormir na tua cama” é absurdo fazer disso um castigo. É o exagero da situação que eu não posso entender.Beijinhos 🙂

    Marta

    Fevereiro 7, 2009 at 4:30 pm

  8. Sim, isso é absurdo, tens toda a razão. Não pode usar isso como prémio ou recompensa…

    Cortes

    Fevereiro 7, 2009 at 9:38 pm

  9. Sim, isso é absurdo, tens toda a razão. Não pode usar isso como prémio ou recompensa…

    Cortes

    Fevereiro 7, 2009 at 9:38 pm


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